31 janeiro 2016

J A N E I R O . um ano I doze meses I trezentos e sessenta e seis dias


tantos momentos partilhados no meu doce mês de Janeiro. 

poderia seleccionar diversos apontamentos. é sempre tão difícil escolher apenas alguns, de tantos outros. 

um guarda-chuva abandonado no caixote do lixo porque o vento o quebrou. com aquelas pintas vermelhas não o poderia deixar lá abandonado. regressei ao estúdio para o deixar. noutro dia olhei-o de novo e retirei, sem rasgar, o tecido impermeável tão sarapintado. não sei o que farei com ele mas estou certa que vai transformar com alegria o quer que decidir criar. 

uns sapatos vermelhos em tecido. as palavras escritas a giz no chão, "Que desejos tens?". uma mala de cartão de viagem, que poderá guardar tantos segredos. neste novo ano tenho muitos desejos para concretizar. os sapatos vermelhos lembram tantas vezes os sapatos de verniz que pedi, quando menina, para a mãe comprar. nunca os tive. pelos menos vermelhos. tive uns sapatos de verniz mas eram pretos. combinavam com quase tudo. mas o desejo sempre foi ter uns vermelhos. 

a minha querida AzEitOna olhou-me muitas vezes com aquele olhar mágico. esteve doente e tive tanto medo de a perder. se ia imaginar que um dia, a olhar para ela, ia decidir fazer gatos em tecido. assim nasceram as AzEitOnAs. gatos de silhueta negra e que viriam a conquistar muitos sorrisos com o seu olhar atento e misterioso. agora também tenho um Matias. qualquer dia tenho de criar um gato de silhueta negra mas com uma pinta branca no pescoço. saberia lá eu que um dia ia encontrar semelhanças na silhueta dos gatos que crio em tecido com a silhueta dos gatos que desenhava quando tinha cinco anos. quando reencontrei os meus desenhos de miúda no sótão, descobri os gatos que desenhava. quase tive vontade de chorar por ver ali, naquelas folhas de papel, os gatos que hoje ganham forma com os tecidos. afinal esses desenhos mantiveram-se vivos e escondidos na minha memória mas se não tivesse encontrado esses desenhos nunca teria sentido a alegria desta descoberta.

o meu doce mês de Janeiro. ano após ano, começo o ano com o mês em que celebro mais um ano. este ano celebrei 36. nasci em casa e entre os amigos sempre acharam estranho escutar que tinha nascido em casa. aliás, nasci na casa da avó. foi a avó que proporcionou esse momento em casa e me ajudou a nascer. 

a todos os amigos que comigo partilharam momentos tão especiais durante este mês, um grande abraço. e se nos últimos tempos tenho seleccionado diversos momentos com os amigos e que estão hoje registados em fotografias, o livro-objecto "Linhas da Amizade" que estou a conceber vai transformar-se num objectivo mágico, numa espécie de bilhete de viagem porque nele vão habitar diversos lugares, diversas emoções, diversos amigos que dão ainda mais sentido à minha vida. 

e antes da chegada do ano que virá a seguir, ainda temos tantos outros meses para aproveitar. 
olhando tudo que nos envolve e habita vivemos mais um dia. 

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