27 junho 2013

debulhar ervilhas...


 da terra para dentro de casa... estava aqui a trabalhar em imagens e escutei da cozinha. "-Queres vir debulhar ervilhas?". "-Quero", respondi entusiasmada e fui a correr para a mesa da cozinha onde já me esperava uma malga ainda vazia e um saco cheio de ervilhas para debulhar. já no tempo da avó adorava sentar-me à mesa para debulhar ervilhas, feijões e favas... escutar aquele barulhinho quando  "quebramos" o "casulo" daquelas pintinhas verdes tão perfeitas na forma, tão saborosas ao paladar. é verdade que naquele tempo éramos mais à volta da mesa. tias, a irmã, a mãe e a querida avó. hoje, estive sozinha mas é muito tranquilizador saber que vivi essas memórias e que hoje as recordo com saudade.

 e assim nascem outras histórias... de pequenos apontamentos que acontecem num simples dia de acordar podemos viajar para muitos dias outros que aconteceram aqui ou acolá. lembrando de simples ervilhas trago até aqui outra história engraçada. no tempo em que fiz voluntariado numa creche, a auxiliar os almoços de meninos e meninas, havia uma pequenita muito castiça que se chamava ritinha. sempre que servíamos sopa de ervilha ela lá me chamava. acontecia sempre assim. dizia ela com a sua voz doce e pequenita: "-Vânia, não gosto de êbila!" e não preciso de traduzir que toda a gente percebeu o que disse a ritinha. eu insistia com ela mas não adiantava. não valia de nada dizer que fazia bem aos seus lindos olhos. que ficavam mais brilhantes ainda. então pegava no prato e virava as costas para ir até à banca da cozinha... mas ia dizendo: "- Pronto eu vou apanhá-las todas". com o auxilio de um garfo esmagava as ervilhas e elas desapareciam... mas COntiNuAvAm lÁ! e a ritinha comia toda contente a sopa de ervilhas... sem saber porquê os seus olhos ficavam cada vez mais brilhantes de alegria. * 

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