no dia em que os pássaros se casam o sol deveria brilhar para celebrar esta união. e foi assim durante o dia. a manhã sorriu timidamente. o brilho dos primeiros raios de luz entraram pela janelaAdEntrO. à medida que despertava, conseguia distinguir cada vez melhor o chilrear dos pássaros lá fora. concentrei-me apenas nesse som e quase era capaz de escutar o bater das assas de cada um deles à medida que saltitavam do peitoril da janela para o canto do telhado. daquele ramo despido para o fio do estendal da roupa. a esta melodia juntavam-se outros cantares. parece que os pardais da vizinhança resolveram juntar-se a este concerto pela manhã. o rolo aqui dentro tentava acompanhar a cantoria. a ele juntaram-se outros rolos e rolas bravas. de súbito, esta melodia é interrompida pelo som de uma persiana que abre bruscamente. a vizinha deve ter acordado também com tanta cantoria. eu continuo na cama a embalar-me pelo cantar dos pássaros. gostaria de entender a sua linguagem. coberta até à cabeça, no quente destes lençóis deixo-me vencer pela vontade de continuar aqui deitada a ouvir esta melodia pela manhã. que bela forma de acordar. a azeitona escutou também que algo lá fora se passava. saltou para a cama a miar. despertou-me deste encantamento e por fim levantei-me. a melodia continuou lá fora. minutos depois, deixei algumas migalhas de pão no peitoril da janela como forma de agradecimento deste belíssimo concerto à janela. se todas as manhãs começassem assim.
durante o dia observei muitos pardais, rolas, pombos, um rabirruivo-preto, uma alvéola-branca. algumas espécies de pássaros. eles andaram de facto animados. várias cerimónias de união devem ter realizado. alguns poderiam levar flores no bico para as suas amadas. outros alimento ou simples apontamentos da natureza. tantos presentes entregues. tantos presentes recebidos. eu encontrei este apontamento no jardim de casa depois de regressar com um saco de tangerinas acabadas de apanhar.
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